Por sermos seres imperfeitos, há que aceitar que o
erro está tão presente em nossas vidas como a própria certeza. Erramos em tudo
nas nossas vidas. Erramos na nossa avaliação, na avaliação do carácter das
pessoas, na escolha de nossos amigos, companheiros, nossos argumentos, etc.
A mudança é no entanto possível se, de antemão
aprendermos a reconhecer tais erros. O facto de errarmos sobre nossas próprias
escolhas, nos faz muitas vezes duvidar da nossa pessoa. Mas é preciso
entendermos que o erro, e principalmente o seu reconhecimento, é certamente uma
das etapas que nos conduz à verdade.
Há pessoas que afirmam ter aprendido a lição mas que,
continuam cometendo sempre os mesmos erros, à semelhança de um estudante que
pensa ter entendido as explicações do professor mas que comete o mesmo erro
para desespero de ambos.
É preciso aprendermos a aceitar e a respeitar as
opiniões dos outros mesmo que, para nós não traduzem a verdade.
Mas o que é a verdade? É óbvio que a verdade é uma só.
Nesse sentido, se duas pessoas têm opiniões contrárias
acerca de uma mesma realidade convém acreditarmos que um ou outro está mais
próximo da verdade. É o caso por exemplo dos filósofos materialistas e dos
racionalistas que defendem posições muito contrárias. Os filósofos
racionalistas acreditam que os sentidos são fonte de erro. Os materialistas por
sua vez dão provas de que apenas os sentidos nos permitem chegar a verdade
sobre o objecto estudado. Mas em que ficamos?
Temos que aceitar que, pelo facto de estarem situados
em extremos diferentes, um deles está mais próximo da verdade.
Porém, é precisamente entre opiniões contrárias que
podemos encontrar a verdade. Mesmo que opinião não seja sinónimo de razão, uma
simples opinião nos pode conduzir à conclusões válidas e de interesse colectivo.
São vários os exemplos que posso aqui expor e que, nos
mostram que o erro é muitas vezes benéfico à nossa evolução em todos os níveis,
pessoais, colectivos e epistemológicos.
Antigamente, acreditava-se que o Sol é que girava à
volta da Terra (Teoria Geocêntrica).
Tempo depois, chegou-se a conclusão através de estudos
científicos que afinal era a Terra que girava em torno do Sol. (Teoria
Heliocêntrica).
Seria possível chegar a última conclusão se, antes a
primeira não fosse considerada?
A vida é pois mistério que nós mesmos temos de
aprender a desvendar e não esperar que alguém o desvende por nós. Pois, se
alguém é capaz de conhecer a realidade da vida, porque não acreditar que também
nós somos capazes. Aliás, como afirma Descartes, a razão é uma só, mas nem
todos a usam da mesma forma e talvez por isso não nos interessamos pelas mesmas
coisas.
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