segunda-feira, 7 de outubro de 2013

MUNDO INJUSTO

No diálogo Mênon, Sócrates interroga um escravo para tentar demonstrar ao seu compatriota que aprender não é nada mais do que recordar.

Sócrates acreditava que todos nós conseguiríamos por nós mesmos, conhecer o que até então nos era desconhecido desde que, fossemos corajosos e nos mostrássemos incansáveis na procura. E, a melhor forma  de procurar o que não se conhece  não será simplesmente perguntar?  

Bachelard defende que,  se não há questão, não pode haver conhecimento científico nem nenhum tipo de saber. Mas, perguntar como? 

Para Rousseau,  "a arte de interrogar não é tão fácil como se pensa. É mais uma arte de mestres do que de discípulos; é preciso ter aprendido muitas coisas para saber perguntar o que não se sabe. "

No mundo todos nós passamos por momentos menos bons. Momentos em que queremos desistir, abrir mão de tudo porque já não nos restam mais forças para lutar.
A dor e o sofrimento no mundo em que vivemos é uma realidade. Mas à quem devemos atribuir a culpa dos nossos sofrimentos? À nós mesmos? À humanidade ou à um ser superior?

Com base no método Socrático e em algumas obras de Platão que tenho vindo a ler, imaginei esse pequeno diálogo para mostrar que, ao contrário do que muitos pensam o mundo não é injusto por que se assim fosse, Deus também teria de o ser.

E: Há quem diga que, vivemos pouco tempo mas morremos para sempre.  Será isso verdade?

R: Repara que, se de facto morrêssemos para sempre, o mundo seria injusto, e injusto também teria de ser seu criador.

E: Como assim?

R: Acreditas que alguém que é justo seja capaz de praticar actos injustos de livre vontade?

E: Não

R: Acreditas que tudo o que está a nossa volta foi criado por um ser superior e perfeito?

E: Acredito sim

R: E poderá um ser perfeito ser injusto ou mostrar quaisquer outras imperfeições?

E: Como poderia isso acontecer se é um ser perfeito?

R: Logo, quem diz e aceita que o mundo é injusto, nega e desconhece a existência de um ser supremo.

E: Penso que fugimos da nossa questão. Vivemos pouco e morremos para sempre?

R: Se a morte fosse o fim da vida, o mundo seria justo ou injusto.

E: Penso que seria injusto, pois, os bons e os maus teriam de ter o mesmo fim.

R: E, consequentemente o nosso criador teria de ser um ser injusto, o que é difícil de aceitar.

E: Verdade. Mas, se não morremos para sempre então o que acontece depois da morte?

R: ...



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